quarta-feira, 30 de março de 2016

Esse espelho monstruoso em formato de livro


Sobre Reino das Névoas, já recebi resenhas bonitas, resenhas lindíssimas. Mas esta me agarrou pelos colarinhos com meia dúzia de cebolas e várias facas bem afiadas! Talvez porque não seja exatamente uma resenha e sim uma impressão pessoal, mais relacionada ao que a leitora sentiu do que à história como eu a contei.

O fato é: chorei, gente.

Preciso agradecer à Mit Siqueira e a todas as outras pessoas que não só compraram o livro como o leram e fizeram questão de contar que gostaram. Não há nada mais gratificante para quem escreve do que saber que a mensagem chegou ao destinatário certo. Obrigada!
Duvido de você nunca ter acordado exultante depois de um sonho bom ou apavorado por causa de um pesadelo aterrador. Também duvido de você nunca ter feito sonhar ou ter sido o protagonista dos pesadelos de alguém. Sim, somos feitos de dualidade, opostos de nós mesmos. Somos a fera que sangra com a flecha no peito e a princesa que chora de arrependimento por ter tramado a ferida. Aquele sangue é meu, aquela flecha é minha, eu me assumo vítima e agressora de mim mesma e de outrem. Sim, sou ré confessa. 
E, no caminho de redenção e volta (vale a pena voltar?), por vezes perdemos um sapato, um vestido e a dignidade depois de tentar agarrar à força o que julgamos nos pertencer; nem sempre conseguimos, mas não resta dúvida: crescemos. A emboscada da floresta escura pode, sim, nos levar a uma clareira de paz, a uma lufada de ar fresco. E assim seguimos andando, ferindo e sendo feridos, titubeando desconfiados, mas nunca perdendo a coragem de enfrentar esse reino de névoas chamado vida.
Em tempo, Camila, nunca terei palavras para agradecer por você ter compartilhado comigo esse espelho monstruoso em formato de livro. Deixo aqui o meu desejo de que a monstruosidade do Reino das Névoas ainda cause muitos estragos arrebatadores por aí. 
Mitsue Siqueira, tradutora

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