quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Resenha de "Reino das Névoas" no blogue A Estrada Anil

A Rita Paschoalin passou o feriado chuvoso de 15 de novembro na companha de Reino das Névoas. Dessa união, nasceu uma belíssima resenha, que ela publicou em seu blogue A Estrada Anil e que eu reproduzo abaixo.

E se Branca de Neve não dependesse do príncipe para escrever seu destino? E se, sozinha, voltasse ao reino onde antes vivera para consertar os desmandos da Rainha vaidosa? E se o Lobo fosse um forte aliado da Chapeuzinho Vermelho? E se o sapo-príncipe tivesse um destino bem menos atraente do que ser resgatado de sua triste sina por um beijo esperançoso? Em Reino das Névoas (Tarja Editorial), Camila Fernandes cria e reinventa contos de fada e nos convida a conhecer outras faces possíveis de algumas histórias que nos acompanharam em nossa infância. O resultado são sete contos que, como adverte a autora, devem ser mantidos "fora do alcance das crianças". É que alguns dos elementos presentes nas histórias de Camila são um tanto mais, hum, picantes do que cavalos brancos e maçãs envenenadas. Cabeças rolam e nem toda princesa é uma fonte de inocência e "pureza". 

Eu gostaria de ser capaz de captar todas as referências presentes no livro. O mundo dos contos de fada é vasto e não faço ideia do quanto existe por aí que nunca li ou ouvi. Assim, não sei se todos os contos da Camila remetem a alguma história já existente. Talvez não, talvez alguns tenham sido inteiramente criados por ela. Reconheço alguns elementos, mas nem toda história me pareceu familiar. Isso nem de longe é um problema, no entanto. Lê-se com prazer cada um dos contos, conhecendo-se ou não as fontes que inspiraram a autora. 

São sete contos. Meu favorito é o último, que dá nome ao livro. É a história da Princesa Niev e do Príncipe Lobo, a mais longa da coletânea. Enquanto Branca de Neve dança com os passarinhos, a vida de Niev tem aventuras de gente grande. E como nenhum príncipe virá beijá-la, é melhor mesmo crescer e tomar as rédeas da história (nada contra os passarinhos da Branca de Neve, fofinhos). Também gostei do conto que abre o livro, "O Chifre Negro" - e agora também tenho um unicórnio pra chamar de meu, eu que vivo em meio aos unicórnios cor-de-rosa da minha filha. "A Torre Onde Ela Dorme" e "A Outra Margem do Rio" me fizeram lembrar de histórias que integravam um dos volumes das Obras Completas de Monteiro Lobato que tínhamos lá em casa, em minha infância. Além das histórias de Lobato, o livro trazia fábulas e alguns contos de fada. Lembro-me de algumas histórias bem trágicas, com princesas trancafiadas por anos e anos à espera de que algum guerreiro derrotasse um monstro terrível que as matinha prisioneiras; ou do pai que vendia as filhas para não morrer de fome. Os finais, contudo, eram invariavelmente mágicos e tudo consertavam. Já nos textos da Camila, a felicidade pode cobrar preços altos e irremediáveis, e não há garantias de que o sapo terá tempo de virar príncipe.

O título deste post é o subtítulo do livro. Dá a exata dimensão do que se esperar da leitura: uma viagem ao mundo do fantástico, da magia e dos amores improváveis. No caso de Reino das Névoas, com generosas pitadas de girl power - as princesas não estão para brincadeira. Cada história do livro é precedida por uma ilustração feita pela própria autora,  que também fez essa capa lindona aí. O livro é um mimo. Cheia de talentos essa Camila. 
Rita Paschoalin, escritora e tradutora

Obrigada, Rita! Fico feliz que tenha gostado da leitura. ;-)

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