domingo, 21 de outubro de 2012

Reino das Névoas no teatro!

Nem sei como começar esta postagem, senão indo direto ao assunto. Dias atrás, tive uma das experiências mais emocionantes da minha vida como escritora quando recebi um e-mail que dizia:

Tudo bem? Tu não me conheces. Meu nome é Maria Tereza Furtado. Sou coreógrafa e bailarina.Faço parte de um grupo de teatro estudantil do Instituto Santa Luzia, um colégio localizado na zona sul de Porto Alegre (Av. Cavalhada, 3.999).Sou coreógrafa desse grupo, chamado ALMA Ópera Rock, e, este ano, faremos uma temporada no Teatro Carlos Carvalho, na Casa de Cultura Mario Quintana, com a peça Reino das Névoas - Branca de Neve revisitada (dias 24, 25 e 26/10, às 20h).É uma adaptação do seu livro.

Imagem de divulgação do grupo ALMA Ópera Rock e sua peça. Clique para ampliar.

Conseguem imaginar o que senti nessa hora? Nem eu soube explicar a mim mesma. Eu me perguntei uma série de coisas. Uma peça de teatro estudantil? Por que Reino das Névoas? Por que meu livro?

Maria Tereza disse ainda que o grupo era dirigido pelo professor Lucas de Melo Bonez e que a peça era um musical, no qual as coreografias foram todas feitas com músicas de Imaginaerum, do Nightwish. Álbum que eu nunca tinha ouvido e que combinou extremamente bem com a atmosfera da peça. E, para minha surpresa, com a do livro também.

Quando cliquei nos vídeos que a coreógrafa me enviou, eu não sabia o que esperar. O resultado foi simplesmente... emocionante. Vocês talvez não se emocionem tanto - nem espero que o façam, afinal, a autora babona (rs!) do livro sou eu. O fato é que, estudantil ou não, esse grupo de teatro batalhou duramente para adaptar uma história que continha algumas cenas pesadas, falas difíceis e ambientação complicada. Eles conseguiram suprimir ou adaptar tudo o que não era essencial à compreensão da trama em uma produção minimalista que, nem por isso, deixou de encher meus olhos.

Parte do elenco da peça. Quem leu o livro vai reconhecer boa parte dos personagens!

Reproduzo abaixo a mensagem que escrevi para ela e para toda a sua equipe depois de ver toda a peça pelo Youtube. Se não quiserem ler, vão direto para o final da postagem e vejam os vídeos!

Boa tarde, Maria Tereza. Tudo bem? 
Esta mensagem vai ser um pouco longa, mas peço a você e a todos os envolvidos no grupo ALMA que tenham um pouco de paciência e a leiam até o fim, pois ela é para todos vocês. Confesso que demorei um pouco para lhe escrever porque mal sabia o que dizer. Fiquei dividida entre surpresa, dúvida, emoção e mais alguma coisa que ainda não sei identificar. Demorei alguns dias para carregar os vídeos que recebi e assistir ao trabalho de vocês. E, no final, foi a emoção que sobrepujou todas as outras sensações. 
Sim, estou emocionada. Tem lágrimas nos meus olhos neste momento. Está difícil escrever, mas acho que este é o momento certo para isso. Não só pela parte que me toca. É claro que, como autora do livro, estou orgulhosa e encantada por ele ter chegado a você e a seus alunos e influenciado sua arte. Mas também estou verdadeiramente comovida com o que vocês fizeram por si sós. Pessoas jovens, cheias de sonho e paixão, treinando, dedicando-se, mantendo o foco e realizando seus planos em uma fase da vida em que às vezes é difícil até mesmo reconhecer QUAIS são, realmente, os nossos planos. Tive orgulho de vocês por ter um dedo meu ajudando a narrar essa história. E tive inveja, também, pela linda oportunidade que esses jovens estão tendo. Farei 32 anos no começo de 2013 e a vontade que senti foi de retroceder uns 15 anos da minha vida e ser uma adolescente em Porto Alegre, atuando em um grupo chamado ALMA Ópera Rock.  
Fiquei particularmente tocada ao ver encenada uma de minhas cenas preferidas do livro: o sonho/diálogo da Princesa Niev com o Príncipe Lobo, seguido do conflito final com a Rainha Nuura. Imediatamente cacei os vídeos restantes no Youtube e assisti à peça completa. Posso confessar que fiquei inteirinha arrepiada ao ouvir os atores dizendo no palco frases que eu mesma escrevi? Por isso mesmo lamento estar longe da sua cidade e sem possibilidade, no momento, de ver tudo isso ao vivo. Fica aqui um pedido sincero: avisem-me quando marcarem as próximas apresentações. Afinal, eu ainda não conheço Porto Alegre e vocês me deram uma ótima razão para pegar um avião qualquer dia desses. 
Não entendo o suficiente de artes cênicas para dar uma opinião consistente sobre a coreografia e a atuação da turma. O que posso dizer é que os estudantes parecem se dedicar ao que fazem com raro comprometimento. Nem sou capaz de imaginar quanto tempo e energia vocês precisaram investir nesse projeto para obter um resultado tão bonito. Mantenham esse foco em tudo o que fizerem na vida: isso os levará ainda mais longe do que vocês imaginam agora. Sonhem, sonhem muito. Mas nunca deixem de ter os pés bem firmes na terra e o olhar cravado em seus objetivos. Tudo o que desejarem, desejem com paixão. E realizem-no da mesma forma: apaixonadamente. 
Obrigada por terem feito um trabalho tão belo e tão cuidadoso em cima de algo que, mesmo em meus sonhos mais ambiciosos, nunca chegou a ser mais que meu livro. Graças a leitores como vocês, eu sei que tudo é mais do que pode ser, se a gente se atrever a fazer. 
Um abraço apertado em cada um de vocês. 
Camila Fernandes

Pouco depois, o próprio Lucas, professor de Língua Portuguesa e Literatura no Instituto Santa Luzia, me escreveu também para responder às perguntas que fiz a Maria Tereza (Teté) em outro e-mail. Foi ele quem me revelou que já tinha tentado entrar em contato comigo no começo deste ano, quando decidiu adaptar Reino das Névoas, mas não obteve resposta minha. Talvez essa mensagem esteja perdida no meu e-mail antigo, pois nunca cheguei a recebê-la. Lucas também contou como o livro foi parar nas mãos dele:
No início do ano, fomos ao aniversário de um cantor amigo meu, com pocket show na praça de alimentação do Bourbon Country, um hipermercado + shopping que também deve ter por aí. A Teté, após vermos a apresentação, sugeriu que fôssemos à Livraria Cultura respirar um pouco de Literatura. Eis que, vendo algumas prateleiras, a Caroline, uma das integrantes do grupo, me mostrou teu livro. Ao ver a capa, o primeiro encanto: aquela personagem de capa vermelha e olhos fechados com um punhal me remeteu direto a um sonho - campo-base dos contos de fadas. Não resisti à tentação: li o sumário, folheei-o e resolvi adquiri-lo. Foram-me necessárias apenas duas noites para ler teu texto. Encantador! Delicioso, singelo e de ótimas possibilidades de estudo para com meus alunos.
Foi também Lucas (que, assim como eu, gosta de heavy metal) quem escolheu a trilha sonora na qual Teté trabalhou com as coreografias. Eles e seus alunos já estão agora há oito meses com essa peça, com a qual receberam "magnífica recepção no Festival Internacional de Teatro Estudantil, promovido pela Prefeitura de Porto Alegre", nas palavras do professor.

Nem Lucas, nem Tereza, nem Caroline (que faz a Velha), nem Natália (Princesa Niev), nem Bruna (Rainha Nuura), nem nenhum integrante do grupo jamais tinha ouvido falar de mim. Foi o livro, por si só, que os chamou. Arrã, tô inchada de orgulho. Se alguém me cutucar eu explodo. E vocês acham que é para menos?

Assistam à peça no Youtube e tirem suas próprias conclusões! :-D

Parte 1:
http://www.youtube.com/watch?v=O_zhvy7pPxY

Parte 2:
http://www.youtube.com/watch?v=vaRDkkq6q0M

Parte 3:
http://www.youtube.com/watch?v=rcg5rvNeZgI

Parte 4:
http://www.youtube.com/watch?v=eugzZ1hqDmA

Parte 5:
http://www.youtube.com/watch?v=WeM27blpDxs

Coreografia Reino das Névoas de Teté Furtado em destaque:
http://www.youtube.com/watch?v=aaNd0DRgWRk&feature=relmfu

Deixo também o link para o blog do grupo ALMA Ópera Rock e peço aos amigos de lá e de cá que o prestigiem se puderem, assistindo às peças, seja pela web, seja ao vivo - o que será melhor ainda. E que eu espero fazer em breve! Cliquem e conheçam mais sobre esse pessoal determinado que me deu o prazer de ver num palco a mimada Niev, a sábia Omara, a terrível Nuura, a ambígua Velha, a perigosa Pietra (que no livro é um homem) o meu querido Príncipe Lobo, os anões, as feras... (insira aqui a minha cara com olhos transformados em corações).

Para quem estiver em PoA na semana que vem, vou repetir: a peça será apresentada nos dias 24, 25 e 26 de outubro no Teatro Carlos Carvalho, na Casa de Cultura Mario Quintana!

Vamos divulgar?
Um último pedido aos amigos: Lucas pediu minha ajuda para viabilizar a vinda da peça a São Paulo. Isso significa conseguir um teatro bom e de graça. Como não sou da área e pouco entendo do assunto, fica aqui a minha pergunta: rola, gente? Como faz?

8 comentários:

  1. Amei, tou muito orgulhosa de você, e muito feliz por seu trabalho tão primoroso render frutos que você nem imaginava, hermana!! Muitos, muitos parabéns!!

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    1. Muito obrigada, preta! Seu apoio é muito importante para mim!

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  2. Olá, Camila! Fiquei emocionada, mais uma vez, ao reler tuas palavras! OBRIGADA de coração! Beijo, Teté Furtado

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  3. Camila, eu nem sei o que dizer. Fiquei literalmente emocionada quando li tudo o que escrevestes aqui, fiquei sem palavras. E (nunca achei que fosse possível) faltando 3 dias pra estreia mais importante da peça eu estou mais nervosa que em qualquer outro dia. O trabalho foi realmente árduo, mas muito, muito gostoso. Quando o Lucas terminou de ler o livro ele me emprestou e quando eu terminei de ler ele me perguntou o que eu achava de fazermos uma peça com ele. Eu respondi sincera que achava que seria difícil, mas que daria certo, pois a história é realmente emocionante e muito maravilhosa, principalmente pela forma que é escrita: É de uma sensibilidade perfeita.
    A verdade é que eu precisei de um empurrão de uns amigos pra fazer a audição pra Niev ("eu nunca tive que decidir coisa alguma") porque por mais que eu tivesse me identificado com a personagem (não, minha mãe nunca tentou me matar... rs)eu nunca tinha sido a personagem "principal" de uma peça, nunca tinha feito nada em tais proporções(que na época eram bem menores do que agora estão). Fiquei com medo. Mas estou satisfeita de fazer uma personagem tão interessante, com um crescimento gigantesco durante toda a peça. Até uma psicanalista (mãe da teté) falou conosco sobre a obra e nos ajudou a entender a trama.
    Foram longos meses de ensaio e muito nervosismo. Só que agora, mais do que nunca eu estou feliz. Feliz por estares vendo tudo isso, pelo trabalho ter se transformado em orgulho pra ti, por ficares com "corações nos olhos".
    Queria muito que pudesses nos ver em um desses três dias e, ao mesmo tempo, tenho medo que vás e penses: "não imaginei a Niev dessa forma..." De qualquer forma, independente do que penses quando a cortina se fechar, eu gostaria que fosses, gostaria de ver a tua reação ao término da peça, gostaria de saber a tua opinião. É realmente uma pena que não possas.
    Enfim, o que me deixou mais feliz em tudo isso é teres gostado, teres ficado emocionada, teres visto tudo o que fizemos com muito esforço e carinho, com brigas, e alegrias, com choros e vontades de desistir. No fim tudo o que importa e, que acabamos de lembrar ao ler as tuas palavras, é esse orgulho que tivesses.

    Muito obrigada pelas palavras maravilhosas, por tudo.

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    1. Natália, eu soube há apenas algumas horas que os ingressos para as três noites da peça já estão ESGOTADOS. Isso mostra quão bonito ficou o trabalho do grupo e que você, como protagonista, não tem nada a temer. Ficou muitíssimo bem no papel de Niev. A personagem começa como uma menininha mimada e superprotegida, mas termina - literalmente - como uma rainha, grande tomadora de decisões de todo um reino. Fiquei muito feliz em saber que você curtiu o crescimento da personagem. Acho que é precisamente este o encanto dos contos de fadas: eles falam sobre gente de verdade. Como tive a oportunidade de dizer em uma entrevista nesta semana mesmo, não importa se o personagem é um príncipe, uma rainha ou mesmo um bicho falante: os contos de fadas são histórias sobre gente de verdade, que falam sobretudo de amadurecimento.
      Obrigada a vocês por fazerem parte do meu próprio crescimento. :-)

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  4. Camila, fiquei realmente muito emocionada com teu texto. Confesso que chorei ao terminar de ler. É muito gostoso saber que nosso trabalho está sendo reconhecido pela autora do livro que é a base da nossa história. Faço parte das danças, não tive coragem o suficiente para me inscrever em algum papel, mas adoro todos os personagens e a forma como eles se transformam durante a narrativa, além do aprendizado que eles trazem para o leitor. Sou fã dos contos de fadas, e a sua história foi realmente maravilhosa para mim. Adoraria que você pudesse nos assistir. Seria ótimo se pudéssemos te agradecer pessoalmente por essa bela obra com um abraço de grupo bem apertado.

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  5. Oi Camila! Estou na mesma posição da Natália! Sem saber direito o que dizer. Desde criança que sou apaixonada por teatro. Principalmente por atuar. Mas nunca tive uma oportunidade de estar em um palco real até que o Alma Ópera Rock entrou em minha vida.
    Ano passado fiquei com pequenos papéis, mas sempre sonhando com mais. Quando este ano fiquei sabendo sobre a nova história da peça, pedi ao professor Lucas para lê-la. Devo confessar que sempre tive uma quedinha por fazer vilãs, então quando comecei a conhecer a história do teu livro fiquei animada com a Nuura. Devo confessar também que fiquei animada com a Niev e acabei fazendo o teste para as duas. Acabou que a vilã em mim falou mais alto e aqui estou eu, tentando encarnar tua personagem, Nuura. O que com toda a certeza não é algo fácil, já que minha pouca experiência não me permite passar toda a crueldade e emoção desta grande personagem.
    Sim, ter que ser Nuura é desgastante, mas é tão gratificante e um desafio a mim mesma. É fazer o que eu gosto, mesmo sentindo-me insegura com um personagem tão intenso.
    O que escreveste sobre nosso grupo me deixou extremamente emocionada. Saber que a própria autora da obra aprova a nossa peça e que procurou assistir mais sobre ela pela cena do sonho da Niev e então o conflito com Nuura, conseguiu tirar lágrimas dos meus olhos, pois significa que estamos no caminho certo!
    Muito obrigada pela atenção. A tua resposta ao e-mail do professor Lucas e da professora Teté foi a incentivação a mais de que todos precisávamos, pois quando subirmos no palco novamente, saberemos que a nossa principal crítica aprova o que estamos fazendo.

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